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BG Insights: Debt Ceiling, FOMC e o drama da Ledger

Macro e Análise Técnica / Cripto + Atualização das Carteiras BG / Oportunidades

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Bernardo Panteliades, CFA
and
PSDP
May 25, 2023
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Nessa Newsletter semanal, vamos trazer os principais insights e nossa visão para o mercado cripto. Além disso, abordaremos e traremos algumas oportunidades que estão em nosso radar.

O que você verá no post de hoje:

  • Macro:

    • Minuta do FOMC e teto da dívida americana

  • Análise Técnica, On-chain, Derivativos

    • BTC, ETH, ETHBTC e DXY

    • Métricas de volume, volatilidade e oferta chamam a atenção

  • Criptos:

    • O drama da Ledger

    • Novo capítulo entre DCG, Genesis e Gemini

    • Atualização das Carteiras BG

  • Oportunidade da Semana:

    • Airdrop da Neutron


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QUERO SABER MAIS


Macro

Minuta do FOMC e Teto da Dívida Americana

Ontem (24), foi divulgada a minuta da última reunião do Comitê de Política Monetária Americana (FOMC), que trouxe mais informações com relação à trajetória dos juros e outros comentários importantes sobre a maior economia do mundo.

Com relação à política monetária, parece que os oficiais do FED estão divididos com relação à manutenção ou aumento dos juros na próxima reunião, no dia 14/06. De acordo com a minuta, “alguns (some) participantes enxergam que a trajetória da inflação de volta para a meta de 2% a.a. está muito devagar e, por isso, novos aumentos de juros podem ser necessários”. Por outro lado, “diversos (several) outros participantes entendem que, se a economia evoluir de acordo com as perspectivas atuais, pode não ser necessário novos apertos monetários”.

Como a palavra diversos (several) é mais forte que alguns (some), dá a se entender que, no geral, a postura foi um pouco mais dovish.

De qualquer forma, há ainda várias incertezas quanto a isso, e as decisões a partir de agora serão tomadas de acordo com os dados econômicos que serão divulgados nas próximas três semanas (data driven). O próximo deles é o Core PCE, indicador de inflação, referente ao mês de abril, que será anunciado amanhã (26).

Vale a pena acompanhar esses dados e avaliar as mudanças das expectativas dos participantes do mercado que, atualmente, atribuem 74% de chance de manutenção da taxa na próxima reunião, conforme dados do FedWatch Tool.

Probabilidades para próxima reunião do FOMC - FedWatch Tool

Ainda na pauta macro, vale ressaltar também o impasse com relação ao potencial furo do teto da dívida americana (debt ceiling). A apenas 8 dias do que seria o prazo final para uma definição, as negociações atingiram obstáculos e aumentaram o receio do mercado com relação a esse tema.

“Medidor de Medo” do teto da dívida - ZeroHedge

Discute-se um corte tangível nos gastos do governo em troca do aumento do teto da dívida, o que é uma exigência do Partido Republicano, mas uma “linha vermelha” para a Casa Branca.

A minuta do FOMC, por sua vez, também trouxe comentários sobre esse tema, ao ponto que muitos participantes enxergam que é essencial que o limite da dívida seja elevado em tempo hábil para evitar o risco de impactos adversos no sistema econômico financeiro.

Por fim, ainda existem os debates e incertezas com relação à crise bancária, condições de crédito e possível recessão americana. Ou seja, a situação da economia americana não está nada fácil, e as repercussões sobre esses temas devem ser acompanhados de perto daqui para frente.

Nossa visão

Estamos acompanhando esse drama macro há algum tempo, e isto já foi tema de edições anteriores do BG Insights, como as destacadas abaixo:

BG Insights: FOMC sobe juros em 25bps e traz oportunidades

BG Insights: BRC-20 veio pra ficar?

Independentemente do que será resolvido acerca das questões apontadas acima, as incertezas são várias e, por conta disso, será muito difícil se antecipar no direcional e gerar alpha por meio desses eventos, principalmente com o mercado cripto em condições de liquidez e volatilidade perigosas (falaremos disso no tópico abaixo).

Porém, isso não quer dizer que não podemos nos preparar, independentemente do outcome. Ter bons níveis de caixa e se antecipar a um possível aumento de volatilidade nos próximos dias/semanas é essencial para uma boa gestão de portfólio.


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Análise Técnica / On-chain / Derivativos

BTC, ETH, ETHBTC e DXY

Nas duas últimas semanas, BTC e ETH apresentaram um price action bem modesto, com pouca amplitude de preço e baixa volatilidade.

No caso do Bitcoin, por exemplo, estabeleceu-se uma faixa de consolidação nesse período entre os U$26.000 e os U$27.600. Desse modo, o rompimento de qualquer um desses pontos pode levar a movimentos de preço mais fortes e resultar em uma nova “pernada”, seja para cima ou para baixo.

BTCUSDT Diário - Trading View

No Ethereum, a configuração é semelhante, com a região de consolidação equivalente na faixa de preço entre U$1.770-U$1.870.

ETHUSDT Diário - TradingView

Já o ratio ETHBTC permanece positivo nos últimos dias, conseguindo se manter acima da última resistência rompida, próximo dos 0,067. Caso esse valor continue acima desse patamar, o ETH provavelmente continuará com performance melhor que o BTC no curto prazo. Caso contrário, é possível que este indicador sofra uma correção de preços e volte a negociar entre a região de 0,062-0,068.

ETHBTC Diário - TradingView

Para finalizar o tema de análise técnica, vale destacar a performance recente do DXY, que, mesmo em meio ao “caos” econômico pelo qual os EUA está passando (conforme abordado no tópico acima), confirmou novamente o seu suporte em 101 e acumulou alta de quase 3% nas últimas duas semanas.

DXY Diário - Trading View

Métricas de volume, volatilidade e oferta chamam a atenção

Além do price action abordado acima, vale ressaltar algumas métricas que chamaram a nossa atenção.

Inicialmente, destaca-se o baixo volume de transferência on-chain na rede Bitcoin, atualmente 85,5% abaixo da máxima do último ciclo. Apesar da melhora recente, os patamares atuais ainda estão próximos dos menores patamares dos últimos ciclos baixistas.

Porém, apesar do baixo volume, parece que a convicção dos participantes do mercado cripto continua melhorando. A proporção da riqueza total em dólares representada por BTCs com idade de 2-3 anos aumentou de 3,1% para 27,7%.

Além disso, a oferta total nas mãos de Long-Term Holders (+ 155 dias) atingiu nova máxima histórica. HODL!

Por fim, vale ressaltar os níveis de volatilidade do mercado cripto. A baixa oscilação dos preços de BTH e ETH também são refletidas no mercado de derivativos, em especial, nas opções. Percebe-se que a volatilidade implícita nesses instrumentos em BTC e ETH estão em níveis historicamente baixos, e isso normalmente precede movimentos de preço mais fortes, em qualquer direcional.

Volatilidade implícita baixa → opções mais baratas → oportunidade (principalmente para operações de compra de volatilidade (long vol).


Criptos

O drama da Ledger

Na semana passada, a fabricante de hardware wallet Ledger, anunciou o lançamento de uma nova ferramenta para seu modelo Nano X, na qual os usuários poderiam optar por um serviço de recuperação da seed phrase. Com o nome de Ledger Recover, o produto de assinatura (cerca de $10 ao mês), que exige o compartilhamento de dados pessoais (KYC), permite que a seed phrase do usuário seja partida em três partes (shards) criptografadas, enviadas a Ledger e outras duas empresas (Coin Cover e Escrow Tech), as quais serão armazenadas como backup.

Com isso, caso seja necessária a recuperação da seed, o usuário deve se identificar (KYC), para que com duas partes da seed (dois shards), recrie-se a terceira, e assim, o acesso a wallet seja retomado. A funcionalidade se tornaria possível mediante uma atualização do firmware do dispositivo (programa que oferece controle do hardware, como por exemplo a BIOS do computador).

Diante disso, a comunidade reagiu de maneira extremamente negativa, o que iniciou debates, nos quais a própria Ledger, na tentativa de esclarecer, acabou tornando a situação cada vez pior. As críticas tecidas a essa atualização são variadas, de modo que a principal queixa é a de que a Ledger estaria introduzindo um código que permitiria a extração das chaves do usuário, o que vai contra toda a essência do produto, e das declarações da empresa de que as chaves privadas nunca saem do Secure Element chip, conforme tweet.

Image

O tweet da segunda imagem foi deletado.

Nesse contexto, o CTO da Ledger, defendeu que o Ledger Recover é um tradeoff satisfatório, e explicou que, teoricamente, qualquer hardware wallet com a possibilidade de atualização de firmware, pode ter seu firmware utilizado para extrair as chaves privadas. Isso, pois, para interagir com diferentes blockchains e smart contracts, o sistema operacional da wallet precisa de acesso a chave privada, e o sistema precisa ser atualizável (para acompanhar as atualizações das blockchains), ou seja, atualizações de firmware podem alterar o modo de interação com as chaves privadas no Secure Element. Consequentemente, é necessário confiar que a Ledger não fará atualizações que reduzam a segurança do dispositivo.

Acerca das declarações da Ledger, de que as chaves privadas nunca saem do Secure Element chip, tampouco podem ser acessadas pela Ledger, não são factualmente verdadeiras. Segundo especialistas, a Ledger não pode fazer tais garantias, pois, em razão das atuais limitações da tecnologia de chip, os Secure Element chips não são capazes de realizar o tipo de criptografia necessária para encriptar completamente as chaves no aparelho. Inclusive, essa é uma fraqueza que todas as hardware wallets sofrem, em diferentes medidas, como explicou o especialista Christopher Allen (da Blockchain Commons).

Na tentativa de tentar amenizar a situação, o CEO da Ledger, Pascal Gauthier, publicou um post em que tenta explicar o ocorrido e informar que a atualização pertinente ao Ledger Recover foi adiada, e que o código será divulgado antes de que a atualização fique ao vivo (vão abrir o código do Recover).

Nossa visão

Apesar da recepção negativa, a Ledger se posicionou, afirmando que o Recover atende uma forte demanda por serviços de recuperação de chaves, decorrente dos riscos e dificuldades da custódia própria, o que facilitaria a entrada de muito usuários no mundo cripto. De fato, a chance de perder as chaves e consequentemente, dos fundos, de maneira permanente, afasta muitos indivíduos de se envolverem com cripto, especialmente no tangente a custódia própria. Entretanto, a forma com que o produto foi desenvolvido e divulgado foi (justificadamente) percebida como uma forte quebra de confiança na relação da Ledger com os clientes.

Como é possível depreender, a forma com que a Ledger divulgou o serviço Recover foi extremamente infeliz. A reação inicial negativa da comunidade foi catalisada pelas postagens da Ledger e de executivos, situação que se tornou ainda pior com a exclusão de tweets, a medida em que isto deteriora ainda mais a confiança na empresa.

Independentemente de limitações técnicas, experimentadas por todos os fabricantes de hardware wallet, a Ledger sempre fez seu marketing na premissa de que as chaves nunca poderiam sair do Secure Element chip, o que não é realidade. É realmente necessário confiar na Ledger para usar suas hardware wallets, entretanto, as ações da empresa, ao nosso ver, tem cada vez mais, danificado esta crença dos usuários.

Considerando o serviço de recuperação, é preciso confiar ainda mais na Ledger, além das empresas que mantem as cópias dos shards (pedaços criptografados da seed phrase) e da companhia responsável pelos dados pessoais extremamente sensíveis do KYC (por exemplo cópia do passaporte). É fundamental ressaltar que informações pessoais sobre clientes da Ledger são extremamente valiosas, dado que pode-se presumir que o indivíduo tem cripto e realiza sua própria custódia, o que se torna um imenso atrativo para roubos, chantagens, sequestros e outros ataques (como por exemplo phishing).

Inclusive, a Ledger já sofreu um ataque, em julho de 2020, que resultou no vazamento de informações, armazenadas em seus servidores, sobre seus 272 mil clientes. Em sequência, diversos usuários sofreram com ataques de phishing, apesar de que a maior preocupação é o risco à integridade física dos indivíduos.

Não fosse suficiente, tanto o processo de KYC, quanto o backup das chaves, abrem a possibilidade de que, mediante ordem judicial, a Ledger e as outras empresas envolvidas, entreguem as chaves privadas do usuário a governos, o que definitivamente não alinha com os valores de cripto e da custódia própria. Ainda, a atualização abre outros vetores de ataque, como por exemplo o acesso as chaves privadas, mediante falsificação do processo de KYC.

Apesar de tudo isso, entendemos que é fundamental aguardar a liberação (open source) do código da Ledger Recover, para que com a verificação de especialistas, seja possível acreditar que não há risco extra para os usuários que não optarem pelo serviço, ou seja, se não há prejuízo da segurança do dispositivo. A depender do desenrolar da situação e da análise do código, é possível que valha a pena estudar outras alternativas de hardware wallet, uma vez que continua sendo necessário confiar (mas em diferentes graus) no fabricante da wallet.

Em resumo, compreendemos que a utilização do Ledger Recover não é recomendável, ao passo em que criam-se novos vetores de ataque para acessar a chave privada, bem como tornam o usuário mais suscetível a vazamento de dados, hacks, censura e/ou vigilância governamental.

Not your keys, not your coins.

Our keys, our coins?


Novo capítulo entre DCG, Genesis e Gemini

Conforme divulgado durante a semana, a DCG (Digital Currency Group) não completou o pagamento de $630MM, devidos a Genesis Global Capital, uma das subsidiárias do grupo.  Tal informação, foi divulgada no dia 19/05, pela corretora cripto Gemini, a qual também é credora da Genesis.

É importante pontuar, a Genesis atuava como uma empresa cripto de empréstimos, a qual sofreu relevantes perdas com a série de implosões, falências e escândalos durante 2022. Nesse contexto, deu entrada na documentação de falência nos EUA (chapter 11) em janeiro deste ano, de modo que, à época, a empresa devia pouco mais de $3,5B para seus 50 maiores credores.

No que diz respeito à Gemini, a corretora oferecia um produto chamado EARN, no qual os clientes poderiam usar suas criptos para ganhar juros. Logo, a Gemini pegaria os fundos de clientes para emprestar os valores, com juros elevados, a participantes da indústria cripto. O programa EARN da Gemini falhou categoricamente e seus usuários, até o momento, perderam seu capital. Assim, a Gemini tem buscado recuperar cerca de $1.1B, para seus 232 mil clientes.

Diante do não pagamento dos $630MM, que deveria ter ocorrido no começo deste mês, a Gemini tem trabalhado com grupos de credores, na tentativa de estender tolerância e leniência à DCG, para evitar que está entre em default (descumprimento das obrigações de um empréstimo). Ademais, relevante indicar, a Gemini apresentou ao tribunal, uma proposta de reorganização do plano de falência da Genesis, o qual não dependeria de aprovação da DCG.

Quanto a DCG, de acordo com atualização divulgada em 09/05, o grupo continua em discussões com provedores de capital para crescimento financeiro e o refinanciamento do restante de suas obrigações com a Genesis.

Nossa visão

Diante de tudo isso, é necessário acompanhar com atenção o desenvolvimento do caso de falência da Genesis, principalmente na forma com que a situação com a DCG (empresa matriz) ocorrerá. Isso, pois, a DCG é um dos principais integrantes da indústria cripto, de modo que sua falência pode gerar impactos profundos e negativos no mercado. Por exemplo, o fundo GBTC (que conta com 627k BTC de AUM, cerca de $17B) pertence a Grayscale, uma das subsidiárias da DCG, que no caso de falência da matriz, pode ser forçada a dissolver o fundo, o que aumentaria consideravelmente a oferta de BTC disponível para negociação (venda).

Tratando-se da Gemini, entendemos a necessidade da busca dos fundos perdidos, todavia, não parece produtivo, tampouco um resultado de saldo positivo, um cenário em que a DCG é forçada a declarar falência. Deparando-se com cartas abertas e ameaças de processo, parece que não compreenderam que a situação dos clientes do EARN é consequência da incompetência da própria Gemini. Ora, o sucesso de um negócio de crédito privado dependerá da capacidade em avaliar riscos de contraparte, para a aprovação e determinação dos termos dos empréstimos, ou seja, sua atividade fundamental é entender se a contraparte vai ou não perder o dinheiro emprestado.

Considerando o fato de que a Gemini usou o capital dos clientes do EARN, para emprestar a uma empresa que faliu, corolário lógico é que a empresa falhou no exercício de sua atividade fundamental (avaliar o risco da contraparte). Assim, parece que o melhor a se fazer é assumir a responsabilidade e procurar as soluções mais amigáveis possíveis para todas as partes.

Por fim, é fundamental ressaltar a importância de que apareçam novas entidades para suprir a demanda por crédito no mercado cripto, solucionando o problema da escassez de crédito desenvolvido em 2022, para possibilitar a aceleração do amadurecimento e desenvolvimento da indústria cripto.


Atualizações das Carteiras BG

A seguir, traremos uma atualização parcial das Carteiras BG, assim como os principais acontecimentos e gatilhos relevantes dos tokens em nosso radar.

Listamos as performances parciais do mês de maio de cada uma de nossas estratégias. Além disso, vale ressaltar que as alterações realizadas durante o período (como a de $CRV) não estão contempladas nas performances teóricas abaixo.

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